Mulher, você é dona do mundo e carrega ele no ventre, mas o mundo não te merece.
- Sabrine Cantele
- 17 de jun. de 2020
- 1 min de leitura

Photo by Stephany Lorena on Unsplash
Eu,
Mulher empoderada do século XXI,
Dona de si
Mas nem tanto.
Ainda tenho medo de voltar tarde para casa, sinto um aperto na garganta por nunca
saber o que me espera ao virar a esquina.
Ainda tenho que ouvir o meu nome em outras bocas, que proliferam comentários
inadequados no meu ambiente de trabalho.
Sua piada não tem mais graça, porque ela fortalece crenças que já não me servem mais.
Eu não sou sua. Eu não pertenço a você. Meu corpo não pertence a você. Minha mente
não pertence a você.
Muito antes de uma menina perder sua inocência, o mundo já tirou isso dela.
Preciso ter meu rosto marcado e meu nome em uma manchete para conseguir sua
atenção?
Preciso provar 365 dias por ano que eu sou boa.
Preciso te dizer que não quero ter filhos e que ser mãe não é minha vocação.
Como posso ter uma opinião, se todas as opiniões sobre o que eu devo pensar já foram
formadas?
Não é por mim que eu choro antes de dormir e não é por mim que eu escrevo agora.
É por você que se transforma em uma estatística, uma notícia que é compartilhada no
Facebook, mas não é lida.
É por você que percebeu ainda criança o olhar depravado do seu tio e do amigo do seu
irmão.
É por você que foi pai e mãe.
É por todas.
Cada dia que você sobrevive, é mais uma prova que você consegue.
Mulher, você é dona do mundo e carrega ele no ventre.
Mas o mundo não te merece.
Kommentare